14 de agosto de 2016
Evolução do número de registros de médicos e da população entre 1910 e 2015 – Brasil
O Brasil contava, em outubro de 2015, com 399.692 médicos e uma população de 204.411.281 habitantes, o que corresponde à razão de 1,95 médico por 1.000 habitantes. Na mesma data o número de registros de médicos nos Conselhos Regionais de Medicina chegava a 432.870, o que significa 2,11 médicos por 1.000 habitantes. A diferença de 33.178 entre o número de médicos e o de registros de médicos refere-se às inscrições secundárias de profissionais registrados em mais de um estado da federação. O estudo trabalha tanto com o número de médicos, sempre que as informações são individuais (sexo, idade etc.), quanto com o número de registros, no caso de dados regionais ou estaduais. Médicos com inscrições secundárias são contados em cada estado. O crescimento exponencial do número de médicos no país já se estende por mais de 50 anos. De 1970, quando havia 58.994 registros, até 2015, o aumento foi de 633%. No mesmo período, a população brasileira cresceu 116%. Ou seja, o total de médicos nesses anos aumentou em maior velocidade do que o crescimento populacional.
Ano | Registros de médicos | População brasileira |
1910 | 13.270 | – |
1920 | 14.031 | – |
1930 | 15.899 | – |
1940 | 20.745 | 41.236.315 |
1950 | 26.120 | 51.944.397 |
1960 | 34.792 | 70.992.343 |
1970 | 58.994 | 94.508.583 |
1980 | 137.347 | 121.150.573 |
1990 | 219.084 | 146.917.459 |
2000 | 291.926 | 169.590.693 |
2010 | 364.757 | 190.755.799 |
2015 | 432.870 | 204.411.281 |
Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nota: nesta análise foi usado o número de registros de médicos. Fonte: Scheffer M. et al., Demografia Médica no Brasil 2015.
Feminização e Juvenescimento
Em 2014, os homens eram maioria, 57,5%, dos médicos no país, e as mulheres, 42,5%. Mas há uma tendência de feminização da medicina no Brasil. No cenário atual, entre os médicos com 29 anos ou menos, as mulheres já são maioria, com 56,2% contra 43,8% dos homens. Entre 30 e 34 anos, são 49,9% de mulheres e 50,1% de homens. Daí para a frente, o percentual de homens é maior, passando de 55,6% no grupo com 50 a 54 anos e chegando a 77,6% entre os médicos com idade entre 65 e 69 anos. Ou seja, a presença feminina vai aumentando com a diminuição da faixa etária, enquanto com os homens acontece o contrário. A pirâmide etária ilustra essa distribuição por idade e por sexo, com os homens em maioria acima dos 39 anos, e as mulheres igualando-se nos estratos etários mais jovens.
Idade | Feminino | (%) | Masculino | (%) | Total |
< 29 anos | 31.209 | 56,2 | 24.295 | 43,8 | 55.504 |
30 – 34 anos | 29.038 | 49,9 | 29.128 | 50,1 | 58.166 |
35 – 39 anos | 21.293 | 44,8 | 26.221 | 55,2 | 47.514 |
40 – 44 anos | 17.612 | 47,5 | 19.504 | 52,5 | 37.116 |
45 – 49 anos | 16.087 | 46,4 | 18.607 | 53,6 | 34.694 |
50 – 54 anos | 15.449 | 44,4 | 19.308 | 55,6 | 34.757 |
55 – 59 anos | 13.964 | 39,7 | 21.190 | 60,3 | 35.154 |
60 – 64 anos | 11.295 | 31,6 | 24.481 | 68,4 | 35.776 |
65 – 69 anos | 5.135 | 22,4 | 17.747 | 77,6 | 22.882 |
> 70 anos | 3.899 | 14,6 | 22.739 | 85,4 | 26.638 |
Total | 164.981 | 42,5 | 223.220 | 57,5 | 388.201 |
Distribuição e concentração
Apesar de o Brasil ter razão nacional de 2,11 médicos por 1.000 habitantes, as desigualdades de distribuição de médicos são imensas, seja entre as unidades da federação, seja entre as capitais e os interiores, seja comparando agrupamentos de municípios por estratos populacionais. As regiões Norte (1,09 médico por 1.000 habitantes) e Nordeste (razão de 1,3) estão abaixo da razão nacional. Fazem parte dessas duas regiões as unidades da federação com menor número de médicos em relação à população. Nos sete estados do Norte, a razão varia de 0,91 a 1,51 médico por 1.000. No Nordeste, o estado do Maranhão tem a menor razão do país, com 0,79 médico por 1.000 moradores. As outras três regiões têm razão médico/habitante acima da média nacional. A região Sudeste conta com o maior número de médicos por 1.000 habitantes, 2,75, acima da região Sul, com 2,18, e da Centro-Oeste, com 2,20.
Quando se comparam as unidades da federação, o Distrito Federal tem 4,28 médicos por 1.000 habitantes, seguido do estado do Rio de Janeiro, com razão de 3,75. O estado de São Paulo vem em terceiro lugar, com razão de 2,7, seguido do Espírito Santo, com 2,24 médicos por 1.000 habitantes. No outro extremo, estão estados do Norte e Nordeste com menos de 1,6 médico por 1.000 habitantes.
Um paralelo entre o Maranhão, estado com a menor razão médico por habitantes, e São Paulo, estado com maior número de médicos, permite observar o seguinte cenário: o Maranhão tem 5.396 médicos, que representam 1,3% do total de profissionais do país, enquanto sua população equivale a 3,4% do total nacional. Já São Paulo tem 117.995 médicos, que equivalem a 28,1% do país, para uma população que corresponde a 21,7% do total. Na região Sudeste estão 55,3% dos médicos e 42% da população do país. Na região Nordeste trabalham 17,4% dos médicos brasileiros e vivem 27,8% do total da população. A comparação entre unidades da federação, no entanto, não é suficiente para ilustrar o nível de desigualdade que leva inclusive à ausência total de médicos em determinados municípios.
Proporção de médicos e da população em relação ao total do país, segundo grandes regiões – Brasil, 2014
Regiões Sul e Centro-Oeste
Têm maior equilíbrio entre a proporção de médicos e a de habitantes
Região Sudeste
Têm maior proporção de médicos do que de habitantes
Região Norte e Nordeste
Têm maior proporção de habitantes do que de médicos
Especialistas e Generalistas
A Demografia Médica no Brasil 2015 atualiza levantamento sobre o número de médicos especialistas titulados e sua distribuição entre as 53 especialidades médicas e entre as 27 unidades da federação.
O estudo adota o termo “generalista” para designar o médico sem título de especialista. Utiliza-se o número de médicos, mas, em algumas análises, é usado o número de títulos dos médicos, pois o mesmo profissional pode ter mais de um título.
Na distribuição por especialidades, especialistas com mais de um título são contados em cada especialidade. Na distribuição geográfica, especialistas com inscrições secundárias – médicos com registro em mais de um CRM – são contados em cada estado.
41% dos médicos não têm título de especialista
Dos médicos em atividade no Brasil (2014), 59% – ou 228.862 deles – têm título de especialista. Os outros 159.341 profissionais, ou 41% do total, aqui chamados de generalistas, não têm título de especialista emitido por sociedade ou via Residência Médica. Cabe ressaltar que, dentre os especialistas, 64.192 médicos têm duas ou mais especialidades.
O aumento do número de médicos especialistas nos últimos anos pode ser reflexo da melhor qualidade e completude dos bancos de dados utilizados, mas também da expansão dos programas e vagas de Residência Médica.
Remuneração do Médico
A carreira do médico começa pelo menos seis anos depois que ele entrou na faculdade.
O primeiro salário do médico recém-formado, muitas vezes, é o de médico residente, caso consiga uma residência remunerada. A residência médica é obrigatória para aqueles médicos que pretendem se especializar em alguma área (cardiologia, pediatria, traumatologia, medicina da família, entre muitas outras) e funciona como uma pós-graduação. Ela pode ser feita em hospitais públicos ou privados e a prova é bastante concorrida, sendo considerada um “segundo vestibular”. Os médicos residentes do SUS ganham uma bolsa de aproximadamente R$ 3 mil e a duração dessa especialização é de dois anos.
Os médicos não possuem um piso salarial único em todo o País. A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) recomenda um salário mínimo de R$ 10.991,19 para 20 horas semanais de trabalho. Porém, é apenas uma recomendação, sem a força de uma lei.Na prática, o piso salarial dos médicos pode ser bem menor do que o mínimo recomendado pela Fenam e muitos médicos, principalmente em início de carreira, combinam plantões e consultas em dois ou mais hospitais e clínicas.
Em geral, as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste têm maiores salários para médicos. O Distrito Federal e o Paraná são os estados que pagam os maiores pisos salariais: R$ 5.407,25, R$ 5.355,60, respectivamente, para uma jornada de 20 horas por semana. Os menores salários ficam em: Goiás (R$ 1.200,00), Pará (R$ 1.440,00) e Amazonas (R$ 1.500,00), também para jornada de 20 horas semanais (de acordo com sindicatos dos médicos em cada região).
O salário do médico varia muito de acordo com a região do País, a especialidade médica, o tempo de experiência, a qualificação profissional e o regime de trabalho (consultório próprio, saúde pública ou privada).
Em média, um médico brasileiro ganha R$ 8,4 mil, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado em 2013, que inclui desde médicos em início de carreira até aqueles que já se aposentaram.
O site de empregos Catho divulga a média salarial nacional para algumas especialidades médicas, sem especificar a quantidade de horas trabalhadas:
Ginecologista: R$ 5.763,52
Clínica Geral: R$ 5.506
Psiquiatra: R$ 6.294,01
Administrador Hospitalar: R$ 5.045,01
Coordenador Médico: R$ 8.313,44
www.docctormed.com.br